11:30
09 de Fevereiro de 2009
Um levantamento dos índices de exclusão digital, por região geográfica. Um mapeamento das instituições que poderiam ser parceiras em um projeto municipal. Um planejamento de uma rede de telecentros que tenham conselhos gestores com participação da comunidade. Junte-se a isso uma pitada de sorte: o governante idealizador da iniciativa é reeleito, em 2008, o que afasta o risco de descontinuidade. Com uma receita como essa, o programa Osasco Digital tem tudo para dar certo. Quando Emídio de Souza assumiu a prefeitura da cidade, em 2005, 80% dos domicílios não tinham computador. E não havia, na cidade, qualquer ponto de acesso público e gratuito.Foi então que a Secretaria do Trabalho começou a delinear um programa que promovesse a inclusão digital. “Nossa ação foi fundamentada em dois eixos. Primeiro, criar e gerenciar as informações sócioeconômicas dos cidadãos. Depois, elaborar um observatório dos indicadores do trabalho na região, pois nosso foco era a ocupação, a ideia era exatamente reforçar a empregabilidade”, conta Marcos Paulo de Oliveira, coordenador de Projetos para a Inclusão Digital.
O próximo passo foi criar uma dotação orçamentária para o programa e construir uma estratégia de parcerias. A perspectiva, na ocasião, era de implantar dez centros de inclusão digital até o final de 2008. No dia 12 de novembro de 2008, essa meta foi ultrapassada em 20% — foi inaugurado o 12º telecentro da cidade, em parceria com o Ministério das Comunicações. E a contabilidade da inclusão registrava mais de 8 mil usuários, o que representa mais de cem mil acessos mensais. Dez desses centros operam totalmente com software livre e dois oferecem plataforma aberta e sistemas proprietários.
O modelo de parcerias permeou o programa Osasco Digital desde o início. Os três primeiros telecentros, inaugurados em 2006, tiveram como parceiro o Banco do Brasil (BB). Em 2007, foram firmadas uma parceria com a Fundação Bradesco, duas com a Petrobrás e cinco com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Oliveira considera o formato de parceria da Petrobras o mais adequado para prefeituras: “A empresa doa os equipamentos, o mobiliário e banca o custeio por dois anos, até que o telecentro adquira autonomia para dar conta do próprio sustento”. A gestão dos telecentros da Petrobras é feita pela Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits). Os demais têm gestão do Sampa.org.
Metade dos centros de inclusão de Osasco funciona em espaços da prefeitura. Outra metade está dentro de organizações da sociedade civil, o que favorece o fortalecimento do vínculo com a comunidade local. Oliveira conta que, quando os primeiros telecentros entraram em operação, algumas instituições ofereceram espaço físico para abrigar o telecentro, como o Centro Público de Economia Solidária. Henrique Reis, um dos monitores, explica que o espaço, no centro da cidade, ao lado da prefeitura, é frequentado por uma população com bom índice de escolaridade. Em grande parte, mulheres em busca de oportunidades de trabalho (Veja o texto ao lado). Outros centros de inclusão digital com vocação bem focada são o de Jardim Granada, voltado ao apoio a cooperativas, micro e pequenas empresas; e o telecentro que fica dentro do Centro Público de Qualificação Profissional e Social.
Todos os centros de inclusão, segundo Oliveira, têm um conselho gestor com participação da comunidade. “Uma das atribuições dos conselhos é pesquisar as vocações locais e propor outros conteúdos”, informa Oliveira. Entre os planos para o futuro, a Sampa.org está estudando a criação de uma agência de notícias que vai atender toda a rede do Osasco Digital.
“Acharam a gente pelo blog, imagine!”
Vanaci Pimentel, 30 anos, mãe de quatro filhos, adquiriu uma profissão há dois anos, em 2006, depois que participou de uma oficina-escola de costura mantida pelo programa Bolsa Família. Em 2007, ela entrou para a Cooperativa de Costura de Osasco, que é abrigada pela Incubadora de Empresas de Osasco — uma parceria entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o Sebrae e a prefeitura de Osasco.
Vanici (esq.) e as colegas da
Cooperativa de costura,que tem um blog.
Hoje, além de empreendedora, Vanaci é também blogueira. Porque um dos diferenciais da incubadora é o centro de inclusão digital, onde os micro e pequenos empresários dispõem de cursos e oficinas. No Centro Público de Economia Solidária, onde está instalado o telecentro, Vanaci e suas colegas do grupo de costura não só aprenderam a “mexer no computador”, mas passaram a ter acesso a informações sobre linhas de crédito existentes para empresas, procedimentos para atividades de comércio exterior, tecnologias de gestão empresarial, apoio técnico na elaboração de planos de negócios, entre outras informações valiosas disponíveis na internet. Daí, para o blog da Cooperativa, foi um click. “Fui eu que criei o blog e agora faço as postagens. Tiro a foto do produto, faço a ficha técnica e publico. É muito fácil”, relata Vanaci, orgulhosa de seu trabalho. E não é para menos: por meio do blog, ela e suas colegas estão recebendo encomendas de empresas de grande porte, como PoupaTempo, Café Pelé. Este ano, fizeram até macacões para profissionais que trabalharam no Grande Prêmio de Fórmula 1 de Interlagos. “Acharam a gente pelo blog, imagine!”, comemora, quase admirada, a nova pequena empresária.
Um levantamento dos índices de exclusão digital, por região geográfica. Um mapeamento das instituições que poderiam ser parceiras em um projeto municipal. Um planejamento de uma rede de telecentros que tenham conselhos gestores com participação da comunidade. Junte-se a isso uma pitada de sorte: o governante idealizador da iniciativa é reeleito, em 2008, o que afasta o risco de descontinuidade. Com uma receita como essa, o programa Osasco Digital tem tudo para dar certo. Quando Emídio de Souza assumiu a prefeitura da cidade, em 2005, 80% dos domicílios não tinham computador. E não havia, na cidade, qualquer ponto de acesso público e gratuito.Foi então que a Secretaria do Trabalho começou a delinear um programa que promovesse a inclusão digital. “Nossa ação foi fundamentada em dois eixos. Primeiro, criar e gerenciar as informações sócioeconômicas dos cidadãos. Depois, elaborar um observatório dos indicadores do trabalho na região, pois nosso foco era a ocupação, a ideia era exatamente reforçar a empregabilidade”, conta Marcos Paulo de Oliveira, coordenador de Projetos para a Inclusão Digital.
O próximo passo foi criar uma dotação orçamentária para o programa e construir uma estratégia de parcerias. A perspectiva, na ocasião, era de implantar dez centros de inclusão digital até o final de 2008. No dia 12 de novembro de 2008, essa meta foi ultrapassada em 20% — foi inaugurado o 12º telecentro da cidade, em parceria com o Ministério das Comunicações. E a contabilidade da inclusão registrava mais de 8 mil usuários, o que representa mais de cem mil acessos mensais. Dez desses centros operam totalmente com software livre e dois oferecem plataforma aberta e sistemas proprietários.
O modelo de parcerias permeou o programa Osasco Digital desde o início. Os três primeiros telecentros, inaugurados em 2006, tiveram como parceiro o Banco do Brasil (BB). Em 2007, foram firmadas uma parceria com a Fundação Bradesco, duas com a Petrobrás e cinco com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Oliveira considera o formato de parceria da Petrobras o mais adequado para prefeituras: “A empresa doa os equipamentos, o mobiliário e banca o custeio por dois anos, até que o telecentro adquira autonomia para dar conta do próprio sustento”. A gestão dos telecentros da Petrobras é feita pela Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits). Os demais têm gestão do Sampa.org.
Metade dos centros de inclusão de Osasco funciona em espaços da prefeitura. Outra metade está dentro de organizações da sociedade civil, o que favorece o fortalecimento do vínculo com a comunidade local. Oliveira conta que, quando os primeiros telecentros entraram em operação, algumas instituições ofereceram espaço físico para abrigar o telecentro, como o Centro Público de Economia Solidária. Henrique Reis, um dos monitores, explica que o espaço, no centro da cidade, ao lado da prefeitura, é frequentado por uma população com bom índice de escolaridade. Em grande parte, mulheres em busca de oportunidades de trabalho (Veja o texto ao lado). Outros centros de inclusão digital com vocação bem focada são o de Jardim Granada, voltado ao apoio a cooperativas, micro e pequenas empresas; e o telecentro que fica dentro do Centro Público de Qualificação Profissional e Social.
Todos os centros de inclusão, segundo Oliveira, têm um conselho gestor com participação da comunidade. “Uma das atribuições dos conselhos é pesquisar as vocações locais e propor outros conteúdos”, informa Oliveira. Entre os planos para o futuro, a Sampa.org está estudando a criação de uma agência de notícias que vai atender toda a rede do Osasco Digital.
“Acharam a gente pelo blog, imagine!”
Vanaci Pimentel, 30 anos, mãe de quatro filhos, adquiriu uma profissão há dois anos, em 2006, depois que participou de uma oficina-escola de costura mantida pelo programa Bolsa Família. Em 2007, ela entrou para a Cooperativa de Costura de Osasco, que é abrigada pela Incubadora de Empresas de Osasco — uma parceria entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o Sebrae e a prefeitura de Osasco.
Vanici (esq.) e as colegas da
Cooperativa de costura,que tem um blog.
Hoje, além de empreendedora, Vanaci é também blogueira. Porque um dos diferenciais da incubadora é o centro de inclusão digital, onde os micro e pequenos empresários dispõem de cursos e oficinas. No Centro Público de Economia Solidária, onde está instalado o telecentro, Vanaci e suas colegas do grupo de costura não só aprenderam a “mexer no computador”, mas passaram a ter acesso a informações sobre linhas de crédito existentes para empresas, procedimentos para atividades de comércio exterior, tecnologias de gestão empresarial, apoio técnico na elaboração de planos de negócios, entre outras informações valiosas disponíveis na internet. Daí, para o blog da Cooperativa, foi um click. “Fui eu que criei o blog e agora faço as postagens. Tiro a foto do produto, faço a ficha técnica e publico. É muito fácil”, relata Vanaci, orgulhosa de seu trabalho. E não é para menos: por meio do blog, ela e suas colegas estão recebendo encomendas de empresas de grande porte, como PoupaTempo, Café Pelé. Este ano, fizeram até macacões para profissionais que trabalharam no Grande Prêmio de Fórmula 1 de Interlagos. “Acharam a gente pelo blog, imagine!”, comemora, quase admirada, a nova pequena empresária.
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